Servidor do Senado por mais de 4 décadas, Florian Augusto Coutinho Madruga faz parte daquele grupo de pessoas que não consegue ficar parado. Depois de produzir um extenso currículo com destaque em vários setores da Casa, ele mobilizou colegas de todo o país para organizar e implantar escolas do legislativo e de contas, sempre com o mesmo foco: fortalecer a cidadania e a democracia. Orgulhoso dos resultados, ele se preocupa com o futuro e, por isso, faz a convocação aos jovens. “É necessário que o jovem participe ativamente de tudo o que diz respeito ao destino do nosso país, e que conheça, frequente e discuta sobre o que faz o Poder Legislativo municipal, estadual e federal”, defendeu, em entrevista ao Interlegis.

O reconhecimento veio na última quarta-feira (3), quando ele recebeu a Medalha de Boas Práticas de Educação Legislativa da Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas (Abel), em Bento Gonçalves (RS), durante o 42º Encontro da entidade. 

A agora denominada Medalha Florian Madruga de Boas Práticas no Legislativo reconhece sua trajetória em favor da educação legislativa e sua atuação decisiva na fundação da Abel. O prêmio será concedido anualmente pela Abel em reconhecimento à dedicação e compromisso com a promoção da cidadania e do aperfeiçoamento do Poder Legislativo.

Dedicação ao Senado

Formado em Letras pela Universidade de Brasília (UNB), Florian Madruga é servidor do Senado desde 1973, onde construiu uma carreira de mais de 40 anos. Iniciou sua trajetória como revisor de textos, tendo participado da revisão da Constituição Federal de 1988, e posteriormente ocupou cargos de destaque, como diretor da Gráfica, chefe de gabinete da Presidência e diretor do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB). Além disso, é jornalista profissional e atuou como editor do jornal Traço de União.

Em entrevista ao Interlegis, Madruga fala sobre a emoção de ser homenageado e a importância da educação legislativa. A seguir, os principais trechos:

Como o senhor se sente ao receber a Medalha de Boas Práticas de Educação Legislativa da Abel, que agora leva o seu nome?

Florian Madruga: Foi um grande susto e uma emoção muito forte.

Qual é o seu maior orgulho em relação à sua trajetória na educação legislativa e na fundação da ABEL?

FM: Quando a Abel foi criada, em 2003, no ILB, com todo o apoio do Senado e a presença de 23 representantes de assembleias legislativas, só existiam 4 Escolas do Legislativo, além das 3 federais (ILB, Câmara e TCU), e nenhuma em câmara municipal. Em 2005, todas as assembleias tinham criado suas escolas, os tribunais de contas também e começamos a criar nas câmaras. Quando deixei a presidência da Abel, 450 escolas estavam instaladas em todo o país. Esse é um orgulho que alegra a todos da Abel que trabalham pela educação legislativa.

Como o senhor avalia o impacto da educação legislativa na participação cidadã e no fortalecimento da democracia no Brasil?

FM: Antes da Abel, ninguém falava em educação legislativa e educação para a cidadania nas casas legislativas, muito menos nas escolas de ensino formal. Foi nos encontros promovidos pela Abel e nas reuniões da sua diretoria que surgiu a ideia de se criar um programa para, além de capacitar os servidores do Poder Legislativo, levar aos cidadãos o conhecimento sobre o Legislativo e a formação para estudantes do ensino fundamental, médio e superior. Hoje, as Escolas do Legislativo e de Contas são um pilar que ajuda na sustentação da democracia no Brasil, presente em todos os projetos e ações implantados onde existe Escola do Legislativo, hoje em número superior a 550.

Quais são os principais desafios que o senhor identifica para a educação legislativa atualmente?

FM: O grande desafio é chegar a todos os 5.570 municípios do país, a todas as câmaras municipais. Quando isso acontecer, teremos a certeza de que o Poder Legislativo terá servidores capacitados, agentes públicos com equipes de profissionais preparados e cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

Qual é a mensagem que o senhor gostaria de deixar para os jovens?

FM: Que os jovens se interessem por política. Política como ciência, sem o viés partidário. Política como a força motriz que rege a nossa vida, que está presente em todos os instantes da nossa vida. No trabalho, no clube, na escola, na família. É importante que o jovem conheça nossa Constituição Cidadã, principalmente no que se refere a seus direitos e deveres. É necessário que o jovem participe ativamente de tudo o que diz respeito ao destino do nosso país, e que conheça, frequente e discuta sobre o que faz o Poder Legislativo municipal, estadual e federal, que é quem legisla sobre todos os temas que norteiam nossa vida.

Texto: João Victor Rodrigues

Edição: Flávio Faria

Fotos: ABEL